Concedida cidadania in memoriam ao arquiteto e urbanista Jorge Wilheim
24 de outubro de 2018 |
A Câmara Municipal (CMC) aprovou nesta terça-feira (23), em primeiro turno, o título de Cidadão Honorário de Curitiba ao arquiteto e urbanista e gestor público Jorge Wilheim. De iniciativa da Comissão de Urbanismo, Obras Públicas e Tecnologias da Informação, a proposta é a primeira concessão de cidadania honorária “in memoriam” feita pelo Legislativo. A matéria (006.00006.2018, com substitutivo geral 031.00074.2018) foi aprovada com 29 votos favoráveis. Estavam presentes à sessão plenária o arquiteto e urbanista Ronaldo Duschenes, ex-presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/PR), e o arquiteto e historiador Fabio Batista. O vereador Goura (PDT), integrante do colegiado de Urbanismo, leu em plenário uma carta encaminhada por Ana Maria Wilheim, filha do homenageado.
A mensagem lembra que Wilheim nasceu em Trieste, na Itália, em 23 de abril de 1928. Veio para o Brasil 11 anos depois, fugindo do fascismo. “No Brasil se dedicou genuinamente ao exercício do bem comum, da construção de políticas públicas inclusivas por meio do planejamento para o desenvolvimento social, econômico e físico de diversas cidades, especialmente do estado de São Paulo”, diz a carta. Ainda de acordo com a filha, o homenageado “sempre considerou as cidades como palcos onde a sociedade atua com suas contradições e entendia que os gestores públicos deveriam ser agentes mediadores dessas forças”.
Para o vereador Goura, a capital paranaense fez parte da vida do homenageado. “Planejar e montar toda a estratégia para o processo de desenvolvimento urbano de Curitiba foi sua grande realização”. Jorge Wilheim legou o Parque Anhembi (1967-73); os projetos de reurbanização do Vale do Anhangabaú (1981-91); e do Pátio do Colégio, sítio da fundação de São Paulo (1975). Na década de 1950, projetou uma nova cidade para 15 mil pessoas no Mato Grosso: a cidade de Angélica. Foi responsável por mais de 20 planos urbanísticos, destacando-se os de Curitiba, Goiânia, Natal, São Paulo, Campinas e São José dos Campos, entre dezenas de outras cidades. Em Curitiba, em 1966, ele propôs o Plano Preliminar de Urbanismo que serviria de base para o Plano Diretor da cidade elaborado pela equipe do então recém-criado Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC). Wilheim propôs a urbanização da cidade com base no tripé transporte coletivo/sistema viário/uso do solo. Ele também previu o crescimento linear, mudando a proposta concêntrica desenvolvida no Plano Agache, em 1943.
Destacou-se como secretário geral adjunto da divisão da ONU para a realização da Conferência Global sobre Assentamentos Humanos – Habitat 2, na organização do grande encontro com quase 200 países representados em Istambul (1996); participou das reuniões preparatórias da Conferência de Estocolmo (Suécia); e foi, durante anos, o representante brasileiro na Comissão de Urbanismo da União Internacional dos Arquitetos, órgão assessor da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). “Wilheim se destacou como um dos mais importantes e visionários urbanistas brasileiros. Por mais de seis décadas, trabalhou e desenvolveu seu conhecimento sobre a dinâmica urbana, desenvolvendo soluções inovadoras em prol da qualidade de vida nas cidades e metrópoles em desenvolvimento”, finalizou Goura.
Apartes
Em aparte a Goura, Julieta Reis (DEM) destacou que Jorge Wilheim faz parte da história do planejamento urbano de Curitiba. “Não só na sua elaboração, como também na sua continuidade, haja vista ter sido o responsável pela criação da equipe que depois viria a constituir o IPPUC”, disse a vereadora. Para Helio Wirbiski (PPS), presidente da Comissão de Urbanismo, “preservar o legado de Wilheim é preservar nossa história”. Ele lembrou que o plano elaborado pelo urbanista previa o zoneamento da cidade. “E agora, em 2018, iremos novamente votar a lei de zoneamento de Curitiba”, lembrou ele.
Também em apoio à homenagem póstuma, a professora Josete (PT) disse que trajetória do arquiteto orgulha os cidadãos curitibanos. “Quando um nome é indicado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo, sabemos que a indicação procede, que se trata de uma justa homenagem”. Maria Manfron (PP) parabenizou Goura e a Comissão de Urbanismo pela iniciativa. Para Tito Zeglin (PDT), “é graças a esse tipo de homem que nós temos uma cidade que é vista com bons olhos pelo mundo todo”. Antes de estar pronta para sanção do prefeito, o projeto de lei retorna à pauta desta quarta-feira (24), em segundo turno.
Texto: João Cândido Martins
Revisão: Pedritta Marihá Garcia
Fonte: Câmara Municipal de Curitiba.
Bela e justa homenagem a este grande italo brasileiro que na mesma época que desenhou o Plano de Curitiba também atuou em Joinville trazendo as primeiras ideias do Plano Diretor de 1966, inclusive muitos princípios de Curitiba também foram incorporados, deixando um grande legado na cidade das flores e das bicicletas. Parabéns ao CAU e nobre edis pela sensibilidade e reconhecimento do planejamento urbano como um dos pilares da sustentbilidade. Após 1966 ele esteve em Joinville em 2001 nos 10 anos do IPPUJ e em 2010 num seminário de urbanismo da Câmara de Vereadores. Saudades!!!