Projeto vencedor do RIBA 2018 será tema de palestra gratuita em Maringá
21 de março de 2019 |
O projeto Moradias Infantis, que recebeu o prêmio de Melhor Edifício de Arquitetura Educacional do mundo, será assunto de palestra nesta segunda-feira (25), em Maringá. Promovido pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná, com apoio da Secretaria Municipal de Cultura, o evento será realizado no Teatro Calil Haddad, às 19h30.
Com vagas limitadas, as inscrições são gratuitas e devem ser feitas neste link: clique aqui!
O arquiteto e urbanista paranaense Pedro Duschenes, do escritório Aleph Zero, autor do projeto ao lado do também arquiteto e urbanista Gustavo Utrabo, apresentará os detalhes do alojamento construído para 540 crianças que frequentam a Escola de Canuanã, localizada em Formoso do Araguaia (TO), cidade que fica a 320 km da capital Palmas.
Elaborado em parceria com o designer Marcelo Rosenbaum e sua sócia, a arquiteta e urbanista Adriana Benguela – que assina o trabalho como responsável técnica, o projeto Moradias Infantis venceu o Prêmio Internacional RIBA (Royal Institute of British Architects) de 2018, concedido a cada dois anos para um edifício que exemplifique a excelência do projeto e a ambição arquitetônica, além de proporcionar um impacto social significativo. É um dos prêmios de arquitetura mais rigorosamente julgados do mundo, com todos os edifícios visitados por um grupo de especialistas internacionais.
Para os autores do projeto, o trabalho mostra como a arquitetura pode ser uma ferramenta de transformação social. Eles trabalharam de perto com as crianças para identificar suas necessidades e desejos para a escola. Os alunos são de áreas remotas, alguns viajam muitas horas de barco até chegar à escola. A intenção foi criar um ambiente que pudesse ser uma “casa longe de casa”, onde os estudantes conseguissem desenvolver um forte senso de individualidade e pertencimento.
“Foi uma alegria ver as crianças construindo o prédio e adaptando o espaço para atender às suas necessidades. Queríamos ser prescritivos sem sermos arrogantes, sermos solidários sem sermos paternalistas e estimular o crescimento e o desenvolvimento sem cobri-lo”, disseram Duschenes e Utrabo, que em maio do ano passado já tinham ganho o Prêmio Internacional RIBA de Arquitetos Emergentes.
Cobrindo uma área de quase 25 mil m², o Moradias Infantis é organizado em dois blocos idênticos: um para meninas e outro para meninos. As residências estão centradas em torno de três pátios amplos, abertos e bem sombreados ao nível do solo, onde a acomodação do dormitório está localizada. No primeiro andar, há espaços comuns flexíveis que vão desde locais para leitura e salas de televisão até varandas e redes, onde as crianças podem relaxar e brincar.
O ecossistema em torno do complexo – particularmente o clima tropical, onde as temperaturas chegam aos 40 graus no verão – foi um dos principais desafios inteligentemente abordados pelos arquitetos e urbanistas. O grande telhado, cuja estrutura é composta de vigas e colunas de madeira laminada cruzada, fornece sombreamento. O projeto de dossel suspenso criou um espaço intermediário, entre o interior e o exterior, dando o efeito de uma grande varanda com vista para a paisagem circundante e criando um ambiente confortável sem necessidade de ar condicionado.
Combinando uma estética contemporânea com técnicas tradicionais, o Moradias Infantis foi descrito pelos juízes como “reinventando o vernáculo brasileiro”. O edifício é construído com recursos e técnicas locais. Blocos de terra feitos à mão no local foram usados para erguer as paredes e treliças, escolhidos por suas propriedades térmicas, técnicas e estéticas. Além de ser rentável e ambientalmente sustentável, essa abordagem cria um edifício com fortes ligações ao meio envolvente e à comunidade que serve.