Palestra sobre ATHIS reúne cerca de 200 arquitetos e estudantes em Curitiba
10 de abril de 2019 |
Mais do que conhecer as comunidades, é preciso ouvir e aprender com os seus integrantes. Assim defendeu o engenheiro e estudioso das desigualdades sociais, Eduardo Moreira, durante a palestra “Como viabilizar economicamente a Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social”, que ocorreu nesta sexta-feira (05), na Capela Santa Maria, em Curitiba. Aproximadamente 200 pessoas participaram do evento promovido pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (CAU/PR) e pela Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA). A Fundação Cultural de Curitiba e o Instituto Curitiba de Arte e Cultura apoiaram a iniciativa.
A palestra foi gravada: assista ao vídeo abaixo!
Por cerca de duas horas, Moreira transitou sobre temas que passaram por inovações, conjuntura econômica do Brasil, distribuição de renda e geração igualitária de riqueza. Com uma linguagem didática e recheada de exemplos e números, o palestrante falou sobre economia, segregação social e apontou para a necessidade de empoderamento dos meios de produção como agentes de promoção de riqueza frente à especulação financeira.
Segundo dados apresentados no evento, em 2017, 82% da riqueza produzida no mundo foi para os mais ricos, e 0% para os 50% mais pobres. No Brasil, explicou Moreira, as diferenças se agravam por um sistema tributário onde o povo paga a conta do desenvolvimento e do enriquecimento de uma minoria. Ele indicou que analisar os dados disponibilizados pelo próprio governo é fundamental para entender a desigualdade social, como a falta de acesso à moradia. Para entender de perto as mazelas das finanças nacionais, o também professor de educação financeira planejou uma incursão em cinco ambientes com realidades econômicas distintas: o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); presídios; favelas; tribos indígenas e cidades do nordeste brasileiro com carência de recursos hídricos.
Segundo o palestrante, é necessário estar aberto a aprender. “No MST eu aprendi mais de economia do que na vida inteira. Essa lição pode ser relacionada aos profissionais de arquitetura e urbanismo que trabalham com ATHIS. Vocês conhecem técnicas e as melhores tecnologias. Entretanto, são os moradores que sabem das suas demandas e necessidades”, afirmou Moreira para uma plateia composta principalmente por arquitetos e urbanistas e estudantes. Segundo ele, é preciso fomentar a ATHIS no público-alvo, construindo assim uma demanda. “É necessário vir de dentro para fora”, completou.
A conselheira Rafaela Weigert representou a presidente do CAU/PR, Margareth Menezes, e lembrou que o evento é resultado de ações da autarquia federal para estimular a Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social e na busca de novas alternativas profissionais, uma vez que apenas 7% da população informa já ter contratado um arquiteto e urbanista, segundo pesquisa do CAU/BR. “A palestra teve o objetivo de apontar caminhos para os profissionais atuarem com a chamada arquitetura social. Sem dúvida, é um mercado ainda a ser explorado no brasil”, disse.
Já o presidente do CAU/BR, Luciano Guimarães, afirmou ser “uma honra que os profissionais de arquitetura e urbanismo possam contribuir por meio da arquitetura social para diminuição da desigualdade do país”.
O presidente da FNA, Cicero Alvarez, ressaltou a organização em conjunto com o CAU/PR que tornou possível a realização do evento e analisou o cenário conturbado da política nacional. “Para que haja uma nova organização é preciso haver, primeiro, desagregação, para que possamos olhar para novas possibilidades e ressurgir em novo patamar, como a ATHIS”.
Também participaram da palestra o representante do Colegiado Permanente das Entidades Nacionais dos Arquitetos e Urbanistas (CEAU – CAU/BR) e presidente da Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (ABEA), João Carlos Correia, o vice-presidente da União Internacional dos Arquitetos (UIA), Roberto Simon, a vice-presidente da FNA, Eleonora Lisboa Mascia, e o secretário de Educação, Cultura e Comunicação Sindical da FNA, Ormy Hütner Jr.
A palestra foi gravada e está disponível no Canal do YouTube do CAU/PR.
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