Antiga Rodoviária de Londrina é tombada pelo Iphan
19 de maio de 2021 |
Uma das mais iconográficas obras arquitetônicas de Londrina, a antiga Rodoviária da Cidade, acaba de ser tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional como “Patrimônio Cultural do Brasil”. Numa iniciativa da superintendência do Iphan no Paraná, o atual Museu de Artes de Londrina, passa a ser o primeiro imóvel do Norte Novo do Estado a ser reconhecido como Patrimônio Cultural, tendo a chancela de um órgão nacional.
Parceria do arquiteto curitibano João Batista Vilanova Artigas com o arquiteto paulista Carlos Cascaldi, a antiga Rodoviária de Londrina, assim como seu entorno, contam a partir de agora com proteção nacional. Isto significa que caberá ao Iphan fiscalizar possíveis casos de descaracterizações do imóvel, como também autorizar eventuais intervenções que venham a ser realizadas.
Vanguarda da Arquitetura Moderna do Paraná
No final dos anos 40 e início dos 50, Londrina e a região Norte representavam a vanguarda da Arquitetura Moderna no Paraná. A região de ocupação mais antiga, que abrange o Litoral, Curitiba e o planalto de Ponta Grossa, possuía uma Arquitetura herdada do século XIX, e em alguns casos, até do século XVIII, com características coloniais e ecléticas. Já a região de Londrina começou moderna. Isto porque havia uma terra virgem, a ser construída a partir do zero.
Artigas recebeu o convite para projetar a Rodoviária de Londrina no momento em que Curitiba discutia qual seria o estilo do Teatro Guaíra, num grande debate entre duas posições: ou moderna ou classicismo recriado. Por sua vez, Artigas pode projetar sem que ocorressem polêmicas. Vale destacar que o Norte do Paraná representava a área de expansão da economia brasileira, a região a ser desbravada para o cultivo do café. Na mesma época, a Arquitetura Moderna do Brasil obtinha resultados significativos, tornando-se a vanguarda da Arquitetura mundial.
Nesse sentido, o projeto de Artigas significava um trunfo para toda a nação brasileira. Tratava-se de um arquiteto vanguardista, criando uma obra de vanguarda, na região que representava a vanguarda econômica do Paraná e do Brasil.
Influências de Le Corbusier e Niemeyer
De acordo com o arquiteto e urbanista Antonio Carlos Zani, conselheiro do CAU/PR e professor da UEL, é de se notar que Artigas se aproveitou de várias experiências realizadas pela Arquitetura Moderna. “Na Rodoviária de Londrina é possível perceber a clara influência de Le Corbusier no caso da cobertura invertida (em “asa de borboleta”), herdada da Casa Errazuriz. Também é fácil encontrar a influência de Niemeyer nas cascas ondulantes. E há ainda uma resolução primorosa do interior do espaço, com a separação em níveis da espera, da chegada, com uma visibilidade muito grande para quem estava no interior de acompanhar toda a movimentação local”, esclarece o conselheiro. Antonio Carlos Zani, que junto com o arquiteto Jorge Marão, foi responsável pelo primeiro projeto de restauro da Rodoviária, lembra ainda de uma curiosidade em relação ao último arco da cobertura. “Ele possuía uma coluna de suporte que acompanhava sua ondulação. Mas por conta de uma obra de manutenção do telhado surgiram algumas pequenas fissuras. Preocupado, o engenheiro responsável optou pela colocação das escoras que se encontram atualmente no local, e que descaracterizam o projeto original de Artigas”, conta Zani.
Porta de chegada dos migrantes
Já o presidente do CAU/PR, arquiteto e urbanista Milton Zanelatto Gonçalves, salienta que na ocasião da construção da Rodoviária, a expansão econômica de Londrina e do Norte do Paraná atraía migrantes de todo o Brasil, que atravessavam estradas empoeiradas dispostos a desbravar uma terra que lhes prometia riquezas. “Desta maneira, o local passou a representar o momento da chegada, uma espécie de portal do Norte do Paraná. Os desbravadores que chegavam eram recebidos por um belo exemplar da Arquitetura Moderna brasileira”, frisa Milton.
Na avaliação do presidente do CAU/PR, “para as arquitetas e arquitetos, o tombamento da Rodoviária de Artigas significa o reconhecimento de uma obra magistral. Para o Brasil, representa o reconhecimento de um período épico da história nacional, o momento em que uma terra agreste se fez civilização!”, finaliza Milton Zanelatto.
Primeiro exemplar modernista, da região Sul do Brasil a ser tombado.
Viva Artigas, Viva Londrina, Viva a Arquitetura e Cultura paranaense e brasileira!
Belíssimo prédio…
Um primor da arquitetura cuja função é enfeitar esse mundo que esteve belo no passado e hoje em dia com ligeira modificações da atualidade e realidade humana.
Muito a contragosto vejo pelas ruas da cidade algumas construções que poderia ser salvas e dar uma beleza diferente na URBE LONDRINENSE