Jaime Lerner: o arquiteto e urbanista que revolucionou a paisagem de Curitiba
27 de maio de 2021 |
O consagrado arquiteto e urbanista Jaime Lerner faleceu nesta manhã aos 83 anos. Ele estava internado desde o último dia 21, em Curitiba. “É com imenso pesar que o Hospital Universitário Evangélico Mackenzie informa que às 5h10 desta quinta-feira, 27 de maio, o ex-governador Jaime Lerner veio a óbito em decorrência de complicações de doença renal crônica. Lamentamos a perda e desejamos conforto aos familiares, em nome do Senhor”, afirmou o hospital em nota.
Prefeito de Curitiba em 3 mandatos e governador do Paraná por 8 anos, Jaime Lerner foi considerado um dos mais importante arquitetos e urbanistas do país, em especial quando os temas tratados eram a mobilidade e o planejamento urbano.
Inúmeras vezes premiado, Lerner foi escolhido pela revista norte-americana “Time”, em 2010, como um dos 25 pensadores mais inovadores do mundo. Ainda foi eleito o segundo urbanista mais influente do planeta, em 2018, pela revista de planejamento urbano Planetizen, também dos Estados Unidos. Jaime Lerner foi o único brasileiro a figurar na lista dos 100 urbanistas mais influentes de todos os tempos elaborada pela publicação.
Na capital paranaense, o arquiteto e urbanista criou o conceito de transporte realizado por ônibus articulados, com canaletas exclusivas e com paradas em estações tubos para facilitar o embarque e desembarque de passageiros. O projeto é considerado uma das mais bem-sucedidas experiências de planejamento urbano do país. O modelo curitibano repercutiu no meio acadêmico e levou o profissional a dar aula de urbanismo nas universidades norte-americanas de Berkeley (CA), Cincinnati (OH), Columbia (NY) e na universidade japonesa de Osaka.
Em uma de suas gestões, no começo dos anos 1990, idealizou o surgimento da chamada “Moderna Curitiba” com a construção do Jardim Botânico, da Ópera de Arame e da Rua 24 horas. Anteriormente, já havia alterado a paisagem do centro da capital com o fechamento da Rua XV de Novembro e a instalação do “Calçadão de Curitiba”. Criou ainda espaços públicos emblemáticos para a cidade ,como o Parque Barigui e o Parque São Lourenço. Foi também em sua gestão que surgiu a sede da atual Prefeitura Municipal de Curitiba e o Teatro Paiol.
Jaime Lerner se formou em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Paraná, em 1964. No ano seguinte participou da criação do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba, o IPPUC. Dentre as diversas premiações e títulos internacionais estão: o Prêmio Máximo das Nações Unidas para o Meio Ambiente (1990), o UNICEF Criança e Paz (1996), o 2001 World Technology Award for Transportantion, o 2002 Sir Robert Mathew Prize for the Improvement of Quality of Human Settlements, pela União Internacional dos Arquitetos, e o Premio Volvo Environment Prize 2004.
Em entrevista ao Jornal El País, Lerner falou sobre a capital paranaense como cidade modelo para o mundo. “Curitiba é uma referência de simplicidade, de imperfeição e de trabalho com poucos recursos. Minha intenção nunca foi salvar o mundo, e sim promover o desejo de mudar as coisas. Acho que isso é possível”, concluiu o arquiteto e urbanista.
Lerner foi presidente da União Internacional dos Arquitetos durante os anos de 2002 e 2005. Nos últimos anos, atuou no desenvolvimento de projetos de Arquitetura e Urbanismo para os setores público e privado de diversas cidades no Brasil e no exterior, como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Porto Alegre, Florianópolis, Recife, Havana (Cuba), Caracas (Venezuela), Xangai (China), Luanda (Angola), David (Panamá), Mazatlán (México) e Santiago de Los Caballeros (Republica Dominicana).
Ele foi casado com Fani Lerner e teve duas filhas: Andrea e Ilana. A esposa morreu aos 63 anos, em maio de 2009, vítima de câncer.
Sem dúvida, Jaime Lerner construiu um legado expressivo para a história da Arquitetura e do Urbanismo brasileiros.
Tenho conhecimento, mas não me lembr0, que Jaime Lerner tinha uma teoria de habitação onde defendia entre, ricos, classe média e pobres deveriam dividir a comunidade. E que, só pobres, virava guetos. Procuro referências para, quem sabe, ser aplicado na Cracolândia.