A cidade que queremos
27 de março de 2013 |
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Jeferson Dantas Navolar
Vivemos um momento ímpar no Brasil na área da arquitetura e do urbanismo. Tanto em Curitiba como, provavelmente, em outras capitais, as administrações públicas parecem estar perdendo a capacidade de planejar (ou já perderam). Intervenções urbanas são definidas sem que se avaliem detalhadamente as consequências que elas trarão para as cidades. Decisões são tomadas tempestivamente. Isso sem falar nos interesses do mercado imobiliário que, muitas vezes, se sobrepõem ao interesse público, atuando “como estimuladores do desenvolvimento”.
Na Capital paranaense, importantes obras urbanísticas estão sendo ou foram viabilizadas recentemente sem ou com pouco debate sobre a qualidade dos seus projetos e sua relevância. Só para citar algumas, podemos mencionar a abertura da Praça do Batel; a revitalização das ruas Riachuelo, Carlos de Carvalho, Augusto Stresser/Fagundes Varella e da avenida Batel; a Linha Verde; a Ponte Estaiada e o Metrô, entre outras.
A polêmica do momento envolve a Praça do Japão. Conforme está sendo divulgado, o local deve passar por intervenções para comportar a implantação do Expresso Ligeirão Norte. Os moradores do entorno da praça, utilizadores do equipamento público e principais afetados pelas modificações, alegam que obras estão sendo realizadas pela prefeitura sem que tenha ocorrido a devida discussão com a população.
Não se trata aqui de defender o “assembleísmo” como mecanismo de tomada de decisão. Mas, por outro lado, é preciso ressaltar que vivemos hoje um novo momento. Obras públicas, com empenho de recursos públicos, que alteram o ambiente urbano, devem ser definidas por meio do planejamento de longo prazo e com diálogo. E isso só ocorre quando se ouve a sociedade organizada, as entidades de classe e a população.
Esta é a cidade que queremos; a cidade com gestão democrática.
* Presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná