Centenário de Vilanova Artigas é comemorado em exposição
24 de junho de 2015 |
A mostra “Ocupação Vilanova Artigas”, que retrata as várias faces do arquiteto, foi lançada nesta terça-feira (dia 23), no Itaú Cultural, em São Paulo. A data marca o centenário de nascimento de João Batista Vilanova Artigas. A exposição permanece aberta até o dia nove de agosto, .
Os visitantes podem conferir projetos, desenhos de trabalho, maquetes, fotografias, cartas e manuscritos do arquiteto. Além da exposição, nesta quinta-feira (dia 25) estreia, também no Itaú Cultural, o documentário “Vilanova Artigas: o arquiteto e a luz”. A película foi dirigida pela neta dele, Laura. Na sequência, o filme será exibido em Curitiba, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Brasília e Salvador.
No dia 1º de julho, às 21h, acontece o lançamento do livro “Vilanova Artigas”, de Rosa Artigas, filha do arquiteto, e de Marco Artigas, neto dele. A obra analisa 43 projetos – entre construídos e inéditos – que permitem uma discussão de fôlego a respeito do percurso de Artigas, com base em cinco anos de pesquisa no acervo do arquiteto.
Exposição ampliada no Paraná
O presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (CAU/PR), Jeferson Dantas Navolar, participou da abertura da exposição na capital paulista. “Isso é um resgate. No Brasil, em especial no Paraná, Artigas ainda é pouco reconhecido. Por isso, ele foi o patrono da primeira gestão do CAU/PR (2012-2014). Agora, a ideia é trazer essa mostra de maneira ampliada para o nosso estado”, revelou Navolar.
Para o presidente do CAU/PR, Vilanova Artigas estava à frente do tempo em que viveu e trabalhou. “Muitas ideias dele não eram compreendidas. Tanto que Artigas quase foi preso pelo regime militar, só não sendo devido a um abaixo-assinado elaborado por centenas de alunos”, lembra Navolar citando o documento de 22 de março de 1966 entregue para o juíz Tinoco Barreto, da 2ª Auditoria de Guerra da 2ª Região Militar de São Paulo (confira o documento na íntegra).
Entre os nomes que assinaram o documento está o do arquiteto e urbanista Ronaldo Duschenes, atualmente Conselheiro do CAU/PR. Com o Golpe de 1964, Artigas foi exilado no Uruguai, mas voltou para o Brasil apenas um ano depois e passou a viver clandestinamente. “Quase 50 anos nos separam daquele momento! Estávamos em constante vigília e nós, alunos desse eminente professor, víamos o risco de perdê-lo como mestre e amigo”, recorda Duschenes.
João Batista Vilanova Artigas, nasceu em Curitiba, em 23 de junho de 1915. Mudou-se para São Paulo e se formou como engenheiro-arquiteto na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), em 1937. Nos anos 40, participou da criação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU-USP), onde se tornou um dos primeiros professores e da qual projetaria o prédio localizado na Cidade Universitária. Vilanova Artigas, é responsável por outras grandes obras, como o estádio do Morumbi, em São Paulo, e o Teatro Ouro Verde, em Londrina.
Casou com a pintora, escultora e desenhista Virgínia Camargo. Engajado, era militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Por essa atuação perdeu o cargo de professor na FAU-USP em abril de 1969. Acabou aposentado compulsoriamente pelo Ato Institucional nº 5.
Seu afastamento da USP durou até 1980. A década da redemocratização do país marcou o retorno dele à universidade paulista, porém na condição de auxiliar de ensino até 1984, quando retomou o cargo de professor titular, após prestar novo concurso. Mas desfrutou pouco dessa condição, vindo a falecer no dia 12 de janeiro de 1985.
“Mais tarde, quando eu já era professor da FAU-USP, no prédio projetado por Artigas, eu os demais docentes e alunos sentimos o grande vazio que ele havia deixado ao ser compulsória e antecipadamente aposentado. Perdemos a sua inteligência, garra e força e a FAU ficou mais pobre”, finaliza o Conselheiro do CAU/PR, Ronaldo Duschenes.
Assista a reportagem, do Repórter Brasil, da TV Brasil, sobre o Mestre Artigas.