Estudantes da UFPR homenageiam Artigas com intervenção urbana
1 de julho de 2015 |
Cinco estudantes do último ano do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Paraná e um profissional. Nas mentes a mesma ideia: homenagear o centenário de nascimento de João Batista Vilanova Artigas, um dos maiores arquitetos brasileiros.
“Ao lado de Lina Bo Bardi e Oscar Niemeyer, Artigas foi um dos três grandes mestres modernistas da arquitetura brasileira. Consideramos o paranaense o mais completo deles pois atuava também no âmbito acadêmico. Tinha paixão pelo ensino e pregava que os arquitetos fossem atuantes politicamente. Ele é uma referência para a gente, por isso queríamos homenageá-lo”, afirma o arquiteto e urbanista Vítor Jun Takahashi, único formado do Estudiograma – grupo que atua nas relações das pessoas com os espaços construídos por meio da arquitetura, do audiovisual e da fotografia.
A oportunidade para o tributo surgiu em um muro que fica na Rua Jaime Reis, no bairro São Francisco, em Curitiba. O paredão, que é de responsabilidade do Fidel Bar, foi dividido em nove partes com figuras de obras e até mesmo um retrato do arquiteto. O grupo utilizou a popular técnica do lambe-lambe, que imprime cartazes em offset (algo parecido com outdoor) para depois fixar em locais públicos com cola branca ou caseira. “Nossa intenção foi despertar o interesse de quem passa por ali, instigar a curiosidade para saber quem foi Artigas e também buscar entender melhor o papel e a função social do arquiteto dentro da sociedade e da cidade. Enquanto a arquitetura não dialogar com a população, não haverá arquitetura popular”, destaca Takahashi citando o Mestre.
O processo de colagem das figuras foi gravado. Clique aqui e veja o trabalho do grupo na fanpage do CAU/PR.
Próxima intervenção será no muro do CAU/PR
Curiosamente foi o presidente do CAU/PR, Jeferson Dantas Navolar, quem se deparou com a exposição. É claro que ele parou para observar ainda mais sendo uma homenagem ao arquiteto e urbanista que foi o Patrono da primeira gestão do Conselho, entre 2012 e 2014. “O Artigas continua nos surpreendendo! A rua é o espaço da arquitetura. Essa manifestação do Estudiograma reacendeu esse debate. Nossa intenção é levar essa ideia para a sociedade, então fizemos o convite para o grupo realizar uma intervenção no nosso muro também. Foi uma bela inciativa, por isso resolvemos apoiar”, disse Navolar.
“Já temos algumas ideias. O interessante é ser o muro do CAU/PR, Conselho que nos representa. Vamos causar curiosidade. A intenção é que as pessoas parem para olhar, esse é o nosso objetivo”, revela Alexandre Kenji Okabaiasse, outro integrante do grupo que ainda é composto por Marcelo Miotto, Rodolfo Scuiciato, Edison Roberto Massei Filho e Felipe Santos Gomes.
Curta-metragem sobre a Casa Niclewicz
Além das intervenções urbanas, o Estudiograma também está produzindo um curta-metragem sobre a Casa Niclewicz, que fica no bairro Seminário e é uma das duas residências projetadas por Vilanova Artigas que ainda continua em pé, em Curitiba. A outra é a Casa Bettega, localizada na Rua da Paz, no centro da cidade.
“Tentamos gravar algo um pouco diferente de um vídeo tradicional de arquitetura. A história é ambientada na residência e traz o espírito dali. O roteiro só poderia acontecer lá dentro”, adianta Edison Roberto Massei Filho. O filme de aproximadamente dois minutos também deve ser lançado nos próximos dias.
Confira o trailer:
Vilanova Artigas
João Batista Vilanova Artigas nasceu em Curitiba, em 23 de junho de 1915. Mudou-se para a capital paulista e se formou como engenheiro-arquiteto na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), em 1937. Nos anos 40 participou da criação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU-USP), na qual, além de ter participado da elaboração da grade curricular e ser um dos primeiros professores, também foi responsável pelo projeto arquitetônico do prédio que fica na Cidade Universitária. Vilanova Artigas é responsável por outras grandes obras, como o estádio do Morumbi, em São Paulo; e o Teatro Ouro Verde, em Londrina.
Casou com a pintora, escultora e desenhista Virgínia Camargo. Com o Golpe de 1964, Artigas foi exilado no Uruguai, mas voltou para o Brasil um ano depois e passou a viver na clandestinidade.
Engajado, era militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Por essa atuação perdeu o cargo de professor na FAU-USP, em abril de 1969. Acabou aposentado compulsoriamente pelo Ato Institucional nº 5.
Seu afastamento da USP durou até 1980. A década da redemocratização do país marcou o retorno dele à universidade, porém na condição de auxiliar de ensino até 1984, quando retomou o cargo de professor titular, após prestar novo concurso. Mas desfrutou pouco dessa condição, vindo a falecer no dia 12 de janeiro de 1985.
Serviço:
Intervenção Urbana Centenário de Vilanova Artigas
Local: Muro do Fidel Bar
Endereço: Rua Jaime Reis, 320 – São Francisco
Data prevista para a exposição: Até 13 de julho
Esses meninos vão longe! parabéns pela ideia inovadora.
Boa sorte nos demais trabalhos….
Shirleny
Parabenizo pela iniciativa, que leva informação e cultura para a sociedade, além de homenagear este ícone da arquitetura.