Soluções às cidades foram tema principal de seminário internacional em Curitiba
1 de novembro de 2016 |
“Fiquei muito honrada por compartilhar conhecimentos com arquitetos e urbanistas experientes e muito talentosos. O debate que tivemos aqui foi impressionante e recebi uma resposta extremamente positiva para trabalhar com ideias dessa área do conhecimento”. Foi assim que a vice-presidente do Programa Cidades do Pacto Global da ONU, Elizabeth Ryan, definiu a palestra de abertura do seminário internacional “HABITAT III + COP 21 e suas inserções na política urbana” realizado na semana passada, no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba.
Durante sua apresentação, Elizabeth Ryan mostrou a Nova Agenda Urbana – documento que vai orientar a urbanização sustentável pelos próximos 20 anos e que foi adotado pelas delegações presentes na HABITAT III (Terceira Conferência das Nações Unidas sobre Moradia e Desenvolvimento Urbano Sustentável), que ocorreu no último mês, em Quito, no Equador. “Os arquitetos e urbanistas estão dispostos a implantarem a Nova Agenda Urbana, levando o conhecimento técnico à sociedade brasileira”, afirmou Elizabeth.
A vice-presidente do Programa Cidades do Pacto Global da ONU destacou que “trabalhar de formas inovadoras para encontrar soluções” foi a principal mensagem deixada na Habitat III. Para a australiana Elizabeth Ryan, “o mais empolgante da Habitat III foi que milhares de pessoas participaram da Conferência, mas todas estavam com uma visão comum do que precisa ser feito para o mundo”, resumiu.
A realização do seminário foi do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (CAU/PR), do Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento do Paraná (IAB-PR) e da Federação Panamericana de Associações de Arquitetos (FPAA). Cerca de cem arquitetos e urbanistas marcaram presença no evento, que deixou o miniauditório do MON repleto na quinta e na sexta-feira. Além da palestra da vice-presidente do Programa Cidades do Pacto Global da ONU, o evento internacional ainda teve exposições e discussões sobre o clima.
Palestras detalharam as Conferências mundiais
No segundo dia do seminário, o presidente do CAU/PR, Jeferson Dantas Navolar, apresentou a palestra “Habitat III + COP 21” enfatizando o Acordo de Paris, como ficou conhecida a 21ª Conferência do Clima (COP 21), que aconteceu no final do ano passado, na França. Esse pacto internacional tem o objetivo de limitar o aumento da temperatura média mundial em menos de 2ºC em relação aos níveis pré-industriais. “O Acordo de Paris foi assumido por grande parte das nações do mundo. Os países assinaram documentos se comprometendo a reduzir a emissão de gases poluentes com a intenção de frear os impactos do aquecimento global. Esses objetivos também foram adotados por milhares de prefeitos de todo o planeta durante a Habitat III e sempre é importante lembrar que as cidades são o maior artefato da humanidade”, disse Navolar que aposta na gestão urbana dos municípios para alcançar as metas definidas nesses dois grandes eventos mundiais.
O presidente do CAU/PE, Roberto Montezuma, também conversou com o público presente no MON e garantiu que o grande desafio deste século é o desenvolvimento das cidades. “O papel do arquiteto e urbanista é fundamental porque este profissional é capaz de traduzir toda essa gama de necessidades mundiais em projetos para as cidades. É o arquiteto e urbanista quem dá a dimensão física de todas essas questões sustentáveis. As cidades não podem ser genéricas, mesmo levando em consideração cada uma das metas definidas na COP 21 e na Habitat III, cada cidade precisa ter alma, sendo um lugar próprio para os seus cidadãos”, definiu Montezuma.
Outra palestra que fez parte da programação do seminário internacional foi a do arquiteto e urbanista Ernesto Galindo, representante do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). A fundação pública federal vinculada ao Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão elaborou o relatório-base para subsidiar a participação do governo brasileiro na Habitat III.
Ernesto Galindo expôs uma relação entre a COP 21 e a Habitat III e apresentou um quadro das principais emissões de gases feitas pelo Brasil, mostrando o que pode ser potencialmente reduzido, incluindo as medidas urbanísticas para que as metas sejam alcançadas. “Já existe uma série de leis como Estatuto da Cidade, os planos diretores e o Estatuto da Metrópole, que permitem ao arquiteto e urbanista planejar e contribuir para o desenvolvimento de cidades sustentáveis”, salientou.
Após as exposições, todos os participantes do evento puderam fazer considerações. Os apontamentos servirão como contribuições ao grupo de trabalho que foi designado para formular um documento nos próximos dias com as conclusões do seminário internacional. O texto deve ser amplamente divulgado nos canais de comunicação do CAU/PR, como o site e o Facebook.