Arquiteta paranaense está na lista dos jovens mais influentes do mundo
26 de junho de 2018 |
“Uma cidade segura para mulheres é segura para todos”. Esta é a principal ideia defendida pela arquiteta e urbanista, Laís Leão. A Curitibana se formou há pouco mais de um ano e já é reconhecida como uma das 16 jovens mais influentes do mundo. Foram quase 300 candidatos de 82 países diferentes que se inscreveram no programa da União Europeia e a paranaense foi uma das escolhidas (clique aqui para ver a lista completa).
Durante o seu Trabalho de Conclusão de Curso desenvolvido na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Laís abordou a questão de gênero. Ela entrevistou 532 pessoas (80% mulheres) e indagou sobre medos no espaço urbano. “Mostrava fotos de becos, por exemplo, e perguntava sobre a impressão de segurança que o entrevistado tinha daquele lugar. Comparei as respostas dos sexos masculino e feminino e percebi que ambos tinham medo do local mostrado, mas as mulheres ainda carregavam um receio adicional: o temor de serem estupradas”.
Com os resultados obtidos, Laís desenvolveu um projeto de revitalização para o entorno do campus Ecoville da UTFPR, que fica no bairro Campo Comprido, em Curitiba. Foi esta pesquisa que a jovem apresentou no começo deste mês em Bruxelas, na Bélgica, no European Development Days (EDD 2018), durante o “High Level Panel Cities for Girls and Young Women = Cities for All”.
Projetos futuros
“Tenho a intenção de refazer a minha pesquisa, mas com mulheres que moram em favelas. No meu TCC, entrevistei pessoas da cidade real, agora preciso saber as impressões de quem mora na cidade invisível”, revela Laís.
Trabalho que deve ser facilitado devido à ocupação da jovem arquiteta e urbanista, de 24 anos, que atualmente é coordenadora de diagnóstico e avaliação da ONG TETO, no Paraná, onde gerencia uma equipe de voluntários que analisam os problemas relacionados ao planejamento urbano, moradia e desigualdade de gênero nas favelas de Curitiba.
Aliás, Laís foge do termo “comunidade”, usualmente aplicado hoje em dia, e prefere dizer mesmo “favela”. “Falo assim porque não gosto de esconder a realidade: favela é um lugar que não tem infraestrutura pública. Lá as pessoas vivem numa condição injusta, desumana. Para as mulheres a situação é ainda pior, já que elas estão expostas a vários tipos de violência”.
A curitibana ficará por um ano na lista da União Europeia como uma das 16 jovens mais influentes do mundo. Neste tempo, ela pretende construir uma rede de pessoas ligadas ao poder público com a intenção de estabelecer cidades mais inclusivas. “Estar nesta lista me deu muita visibilidade, mas não quero que seja apenas um reconhecimento pessoal. É necessário promover algo, por isso, tenho a intenção de recrutar jovens que procurem engajar o poder público a se comprometer realmente com as questões urbanas e de gênero”.
Visita ao CAU/PR
Na última semana, Laís visitou o CAU/PR para divulgar a sua atuação e foi recebida pelo presidente do Conselho, Ronaldo Duschenes. “É uma alegria para nós do CAU ver a arquiteta e urbanista Laís Leão sendo reconhecida por um organismo internacional, como a União Europeia. Isso mostra a qualidade não só da profissional, mas também do ensino da entidade em qual ela foi formada”, finaliza o presidente do CAU/PR.