Arquitetura brasileira se despede de Lelé
21 de maio de 2014 |
Com a morte nesta quarta-feira de João Filgueiras Lima, o Lelé, a arquitetura moderna brasileira se despede de um de seus protagonistas. Aos 82 anos o arquiteto faleceu em Salvador, vítima de um câncer contra o qual lutava há vários meses.
Carioca nascido em 1932, Lelé participou, quando tinha 25 anos, da equipe que construiu Brasília. Em 1967, um grave acidente automobilístico quase interrompeu sua carreira. Mas ele superou a adversidade e, a partir de então, repensou o fazer arquitetônico. Lelé passou a projetar hospitais, centros de reabilitações, além de outras edificações, sempre levando em consideração o bem-estar das pessoas. Seus projetos estão presentes em várias cidades brasileiras como Fortaleza, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Ribeirão Preto, entre outras.
Na opinião do presidente do CAU/PR, arquiteto Jeferson Dantas Navolar, Lelé pode ser definido como um Da Vinci da arquitetura. “Ele soube, como poucos, unir técnica e arte em seus projetos arquitetônicos. Ele foi um mestre no desenvolvimento da arquitetura em série, com o aprimoramento do uso de pré-moldados, mas sem se despreocupar com a beleza, a forma e a qualidade de suas obras. E tudo isto aliado à sua preocupação com o papel social da arquitetura, demonstrado em projetos como os que desenvolveu para a Rede Sarah e para os voltados à habitação popular”.
Em abril de 2013 o arquiteto esteve Curitiba na abertura exposição A Arquitetura de Lelé: Fábrica e Invenção, realizada no Museu Oscar Niemeyer e que contou com os apoios do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná – CAU/PR e do Instituto de Arquitetos do Brasil Departamento Paraná – IAB-PR.
Na oportunidade o antropólogo Roberto Pinho, um dos autores do livro A Arquitetura de Lelé: Fábrica e Invenção, ressaltou que “a trajetória de João Filgueiras Lima, está pontuada por um extenso acervo de projetos relevantes na produção nacional de reconhecida importância, resultado de uma mente inquieta, investigativa, um espírito culto, ético e muito rigoroso”.
Na avaliação de Pinho, os projetos de Lelé “atendem ao conforto ambiental da melhor forma possível, valendo-se da ecologia, da geografia, da luz solar, dos ventos dominantes, da topografia e da escala correta. São edificações implantadas em harmonia com o meio ambiente e com o terreno, como resultado de uma síntese entre todos os conhecimentos disponíveis, aplicados em cada caso do modo mais adequado”.