Novo Aeroporto de Cumbica, um marco arquitetônico
2 de junho de 2014 |
O novo terminal do Aeroporto Internacional de Cumbica, localizado na cidade de Guarulhos, região metropolitana de São Paulo, sairá do papel para a Copa de 2014.
O projeto assinado pelo escritório Biselli + Katchborian em parceria com a arquiteta Gicele Alves, obedece às condicionantes impostas pela Infraero em seu edital de licitação, como a configuração em “T” (finger) em seu desenho arquitetônico, a localização do terminal, a capacidade de passageiros e o número de pontes.
“No edital já havia uma mancha indicando o local do terminal e o formato em finger. Quando observei a configuração e a planta que isso iria gerar, notei que poderia se parecer muito com um desenho aeronáutico. Aí entrou uma expressão totalmente arquitetônica que também brotou de elementos funcionais”, afirma o arquiteto Mario Biselli.
Também fazem parte do consórcio de licitação as empresas PJJ Malucelli, responsável pelo gerenciamento global e Andrade Rezende Engenharia, encarregada dos cálculos estruturais.
PRAZOS, NÚMEROS E INFRAERO
Atualmente, o Aeroporto de Cumbica possui dois terminais de passageiros com 183.870 m² de área construída e atende cerca de 20,5 milhões de passageiros ao ano. Após a construção, o terminal 3 passará a contar com 230.000m² e poderá atender 39 milhões de passageiros ao ano.
O novo terminal será interligado com os antigos e até 2013, Guarulhos conseguirá receber cerca de 58 milhões de pessoas por ano em seus três terminais.
A licitação para o início das obras depende dos requisitos técnicos e está prevista para o primeiro semestre de 2012. A etapa de terraplenagem foi iniciada em maio após a assinatura de um Termo de Cooperação Técnica firmado entre a Infraero e o Exército Brasileiro.
Os serviços de terraplenagem para a construção do terminal irão movimentar 3,7 milhões de m³ de terra, sendo 1,7 milhão na escavação para o pátio de aeronaves e terminais e mais 2 milhões para o aterro da área.
A obra do novo terminal terá sua primeira fase iniciada em agosto de 2012, segundo a Infraero, porém todo o planejamento pode ser alterado devido ao processo de concessão do aeroporto.
Contratado o serviço de terraplenagem, a Infraero irá licitar toda a parte de infraestrutura do terminal, que envolve desde construção civil até aquisição de equipamentos. As licitações serão divididas em mais sete lotes.
Apesar disso a Infraero garante que até o final de 2013 a primeira etapa, que corresponde a 40% do empreendimento, estará concluída, antes da Copa de 2014 fazendo com que o aeroporto ganhe um fluxo adicional de 10 milhões de passageiros, com um investimento de 753,96 milhões de reais. O restante da obra será concluída até 2016.
POR QUE O AÇO?
As grandes dimensões da obra, os prazos curtíssimos para sua execução e as diretrizes do edital de licitação, nortearam o desenvolvimento do projeto arquitetônico. Com base nos estudos da concepção arquitetônica, planejamento operacional e integral e da problemática construtiva, chegou-se a proposta de trabalhar integralmente o terceiro terminal com aço, aplicando o material nas estruturas da cobertura, pilares, vigas e lajes. A estrutura metálica é utilizada como uma solução integral, uma estrutura flutuante sobre o terminal que será construído em blocos.
A obra então passou a ser tratada como um processo de montagem, que utilizará material pré-fabricado, integralmente metálico, deixando de lado a construção tradicional e seus resíduos de concretagem e certa lentidão. Segundo o arquiteto, o concreto não se adaptaria a forma proposta. A produção metálica dinamizará os trabalhos através de um processo de montagem mais rápido.
OS DETALHES DO PROJETO
O novo terminal ficará situado no lado leste do eixo definido pela torre de controle e pela central de utilidades. O grande desafio dos arquitetos responsáveis pelo projeto foi ocupar racionalmente o pequeno espaço, por se tratar de um terminal aeroviário, de 230m².
A fachada principal do terminal, que está sendo desenvolvida pelo Consultor Igor Alvim, da QMD Consultoria, terá 600 metros de extensão com pés-direitos que variam de 10 a 30 metros. O projeto descarta a utilização de pilares no interior do edifício, porém utilizará três estruturas em arcos que se abrem como galhos de árvores e fixam as regras do sistema estrutural da edificação. O arco central terá 120 metros de vão livre. “Todo o terminal será em estrutura metálica, com componentes repetidos que se montam de maneira muita rápida. É totalmente diferente dos terminais 1 e 2, que são de concreto”, compara Biselli.
A iluminação natural se fará presente através de feixes de luz inseridas nas treliças da estrutura da cobertura e por toda lateral do terminal. “À noite, a imagem será a de um negativo, com a iluminação interna destacando as formas do terminal”, afirma Biselli.
A lateral será vedada por caixilhos com vidros low-e, que impedem a transferência térmica entre dois ambientes, de transparência absoluta de baixíssima reflexão que estarão protegidos por beirais com 35 metros de projeção do corpo do edifício, o que permitirá uma redução significativa no consumo de energia.
A cobertura do terminal ficará solta do corpo da edificação, o que permitirá flexibilidade para futuras alterações no layout do edifício. A edificação será divida em dois níveis principais: o de embarque na parte superior e o de desembarque, na parte inferior.
O piso do embarque e os mezaninos ficarão na cobertura. A parte de baixo terá três pavimentos: o desembarque, o nível da pista e um subsolo. Acima do nível de embarque, no mezanino, ficarão situados as salas vip, administração e espaço panorâmico.
Entre os níveis de embarque e desembarque ficará o mezanino de desembarque, por onde os passageiros desembarcarão das aeronaves antes de descerem ao nível por onde chegam as bagagens e encontra-se o acesso ao exterior do edifício.
A edificação ainda contará com um edifício-garagem com seis pisos e capacidade para 8 mil veículos, totalmente interligada aos outros terminais já existentes.
Ficha Técnica
Obra: Terminal 3 do Aeroporto Internacional de São Paulo
Local: Guarulhos, SP
Cliente: Infraero
Projeto: 2010
Previsão de conclusão da obra: 2013 (1 etapa), 2016 (2 etapa)
Área: 230.000 m²
Equipe Técnica
Projeto: Consórcio MAG – PJJ Malucelliu Arquitetura, Biselli + Katchborian Arquitetos (GPA Arquitetura) e Andrade Rezende Engenharia
Diretores: Paulo Jose Malucelli, Mario Bisdh Artur Katchborian, João José Malucelli, Jefferson Andrade e Luiz Caron
Coordenador técnico geral: Marco Antonio Cals
Arquitetura: Biselli + Katchborian Arquitetos, Gicele Alves e Mario Biselli (autores); Tais Cristina da Silva e Paulo Roberto dos Santos (coordenadores)
Estrutura: Andrade Rezende Engenharia
Fonte e Imagens:
Folha de São Paulo
Revista Monolito
Valor Econômico
Revista Finestra
Biselli + Katchborian Arquitetos
Globo.com
Texto: Portal Met@lica publicado no site GGN em 01 de junho de 2014.