Arquitetura, Urbanização e Higienismo são assuntos de livro gratuito
20 de novembro de 2015 |
Você sabia que Curitiba já teve um Matadouro Municipal no bairro do Guabirotuba? E que antes existia outro na região do Alto da XV, na Rua Itupava? Os matadouros eram (e ainda são, em algumas cidades pequenas) importantes equipamentos urbanos que, apesar de serem considerados “perigosos, insalubres e incômodos”, mantinham longe dos centros urbanos o abate de animais para o consumo da população.
Essas e outras curiosidades estão no livro “Os 75 anos do Matadouro Municipal do Guabirotuba – Arquitetura, Urbanização e Higienismo”, que analisa as instalações físicas do local e do bairro. A obra é resultado da pesquisa realizada pela arquiteta e urbanista, Elizabeth Amorim, e pela antropóloga, Zulmara Clara Sauner. Fruto de renúncia fiscal, o trabalho retorna à sociedade com a disponibilização integral do livro no site: https://omatadouromunicipaleoguabirotuba.wordpress.com/
Esses equipamentos foram relacionados aos processos de urbanização e constituição da administração pública moderna, sujeitando-se às determinações higienistas, às imposições legais e aos interesses econômicos de empresários. “A pesquisa revelou que esse equipamento urbano foi um indutor da ocupação do atual bairro do Guabirotuba. Para a realização da atividade foi necessária a construção de uma estrada de rodagem e de uma linha de bondes, que viabilizaram o transporte de carne ao centro da cidade. As vias de comunicação, os trabalhadores que ali se estabeleceram e outros equipamentos urbanos ali instalados impulsionaram o crescimento de Curitiba para aquela região”, explicou Elizabeth..
O Matadouro Municipal funcionou entre 1899 e 1974. Durante essa trajetória, muita coisa aconteceu em Curitiba e no Guabirotuba. De arrabalde, distante do centro urbano e constantemente alagado pelo Rio Belém, a região transformou-se em bairro, com mais de 11 mil moradores e tomada por residências unifamiliares, congregações religiosas, um comércio consistente e escolas, públicas e particulares, de todos os níveis de ensino. “O Matadou foi um instrumento modernizador de áreas a serem ocupadas, como a do Guabirotuba, anteriormente coberta de campos e distante do centro urbano”, lembrou Zulmara.
A constituição do bairro – tendo como forte indutor de ocupação o Matadouro Municipal – da estrada Curitiba – São José dos Pinhais, da BR-116 e dos conjuntos habitacionais são o tema do site. Lá são encontradas informações inéditas acompanhadas por fotografias e mapas que mostram como a ocupação da região leste da cidade ocorreu, ultrapassando os limites impostos pelo Rio Belém e contrariando as recomendações dos Planos Agache (1943) e Diretor (1967).
Esse é o quarto trabalho da dupla de pesquisadoras que já revelou o processo de urbanização de Curitiba nas primeiras quatro décadas do século XX por meio da produção arquitetônica de Eduardo Fernando Chaves (clique aqui para saber mais sobre esse estudo).